Uma vez, procurando espaço para acomodar uma estação de rádio aeronáutica, para nossa coordenação de voos no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, encontrei em uma das salas no subsolo do aeroporto, um quadro que havia resistido ao incêndio do aeroporto, junto com vários móveis e coisas, que estavam sem uso deixadas ali empilhadas.
Eu ainda não sabia a história daquela fotografia, mas corri para saber e fiquei louco quando descobri seu passado.
Este quadro ficava pendurado no saguão do aeroporto e foi uma das poucas peças salvas do terrível e devastador incêndio, que destruiu praticamente todo o terminal do aeroporto.
Depois de muita choradeira, consegui convencer o superintendente da época, que se comprometeu comigo, a verificar a possibilidade de me doar o quadro.
Um dia, quando estava para embarcar para São Paulo, um funcionário meu me disse, que havia um recado para eu comparecer à gerência de operações do aeroporto, mas não sabia do que se tratava.
Fui imediatamente, pois ainda teria que embarcar. Assim que entrei na sala de operações, um coordenador se aproximou e me disse: "Sr. Carlos, sua persistência valeu a pena e o superintendente pediu que entregássemos este quadro para o senhor". Comecei a chorar.
Troquei meu voo para mais tarde, pois precisava embalar com todo carinho, aquela relíquia, que acabara de receber de presente.
Vi na escala um voo que tivesse algum amigo meu, dos tempos de Transbrasil, como comandante, para trazer este tripulante extra no lugar dele por direito, no cockpit.
Deu tudo certo e voamos no cockpit, a tripulação, eu e Alberto Santos Dumont, que se estivesse vivo hoje, 20 de julho de 2019, completaria 146 anos de vida.
Compartilho com vocês, esta foto do quadro que mantenho em seu estado original, pelo valor histórico.
Parabéns e muito obrigado, Alberto Santos Dumont, o pai da aviação.
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